segunda-feira, 9 de março de 2015

"Eu não gostei...

... de ver a professora a ralhar tanto." - palavras de uma criança, minha aluna.

Respondi:

- Eu também não, mas não vou pedir desculpa, e sabes porquê?

Resposta dela e de outros (que se espalhou e passou a ser de todos): Porque nós é que nos portámos mal. Desculpe, professora [várias vozes em simultâneo].

Eu: Sabem como é que se percebe se o pedido de desculpas é verdadeiro? Se o X der um beliscão ao Y e lhe pedir desculpa, mas a seguir lhe der outro beliscão, vocês acham que o pedido de desculpa é sincero?

Todos: Nããão.

Eu: Então se vocês pedem desculpa pelo vosso comportamento, e a seguir o repetem, o pedido de desculpa é sincero?

Todos: Nãão.

Eu: Então vejam lá como se portam...

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Conclusão da história: o pedido de desculpa não foi sincero...

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Não posso deixar de me lembrar do sacramento da Confissão: quantas vezes (contas perdidas) confessei eu as mesmas coisas, estando bem arrependida delas, para voltar a cair nos mesmíssimos pecados? Quem sou eu, então, para dizer que o pedido de desculpa não foi sincero?

Esta manhã

... apeteceu-me "rifar" o Feitiço. Ele consegue ser muito, muito cansativo. Num momento, está bem. De repente, "dá-lhe" uma "coisinha" e fica "possuído"! Nesses momentos, onde fica a [minha] paciência? Uuii! Vai pela janela fora!

"Eu adoro-te, Maria"

Ontem encontrei um postal muito bonito na escrivaninha da Vassoura. Não tenho autorização para o mostrar, mas não resisto a falar dele.

Na parte da frente, a mensagem que consta do título do post. Como nunca vi na Vassoura uma especial devoção mariana, calculei que a Maria do postal fosse uma menina de carne e osso. Por dentro, dizia: "Tenho imensas saudades tuas. Volta, por favor!"

Com esta manifestação de saudades e pedido de regresso, imaginei que se tratasse de uma amiga que tivesse saído da escola da Vassoura há algum tempo. Questionei a Vassoura a propósito da Maria do postal e levei uma justa reprimenda: "Não tinhas nada que ver isso!" Ups! (Ela tinha razão quanto ao interior do postal, mas em relação ao exterior, eu não tive hipótese de não ver, pois estava escarrapachado - ena, que palavra tão bonita! -, em pé, na escrivaninha aberta.)

Apesar da advertência, a Vassoura esclareceu-me: "Lembras-te de ontem?..."

"Ontem" tinha sido o dia do retiro das Famílias de Caná. A Vassoura e a Varinha fizeram amizade com duas irmãs (as mais velhas de quatro irmãos), de oito e seis anos, tal como elas. Desde então, estão ansiosas por tornar a vê-las. A Vassoura disse que o postal era para entregar à Maria quando a reencontrasse, e que depois desse reencontro faria outro para dar na vez seguinte. Segundo percebi, os postais são a manifestação da lembrança da pessoa ausente, neste caso, a Maria.

Se formos analisar a mensagem, percebemos que não há dúvida que foi escrita por uma criança. Só assim se compreende que peça a outra criança que regresse, como se o regresso fosse uma decisão dela e não tivesse que ser gerido pelos pais. Por outro lado, "regressa" para onde? Para o sítio do retiro? Não está propriamente ao virar da [nossa] esquina... Para a nossa localidade? Mas nunca estivemos juntos aqui...

Enfim, o desejo de querer que estejam novamente juntas é sincero e da parte da Varinha é igual (só que esta não tem a fluência da escrita da irmã mais velha).

Ah, é verdade, um aviso aos pais das manas em questão: o postal é para ser surpresa para a Maria, por isso não falem dele, OK?