terça-feira, 30 de julho de 2013

Palavras à moda deles #8

Estávamos os quatro (eu e as três crianças) na casa de banho. O Feitiço estava com as calças de pijama e sem a parte de cima.
Eu: O Feitiço parece uma sereia [não me perguntem porque disse isto - ou perguntem, se tiverem curiosidade!]... Uma sereia, não, um tritão!
Feitiço: Titão Ptenodonte?!?
Eu: Não é titão, é tritão.
Varinha: O que é um tritão?
Vassoura: É o pai da pequena sereia!

Pniquenique (Varinha dixit)

Mas nem só de trapalhadas ou confusões ditas pelos meus filhos vive este blogue...
Estas três saíram da minha boca, hoje:

"porta-unhas" em vez de corta-unhas;
"Levanta-te da boca" em vez de "Levanta-te da cadeira"
"corta-chaves" em vez de "corta-unhas" [tentando corrigir a que dissera primeiro]

Cesta VS. sesta

Diz-se muito por aí que as letras mudas servem "para abrir as vogais", como em "actor", e que, por isso, não devem ser retiradas como inúteis, visto que, nesse caso, não o seriam.

Mas isso não é bem assim... Se fosse, "ato" (do verbo atar) não se leria "áto", por comparação com "acto", mas sim "ato", com "a" fechado.

Vem esta conversa a propósito das duas palavras que constam no título e que me vieram à cabeça ao acordar. Nenhuma delas sofreu alteração com o novo AO; em nenhuma delas existem vogais mudas; só são diferentes na primeira letra e, apesar de tudo isto, a vogal "e" não se pronuncia da mesma maneira: "ê" em "cesta" e "é" em "sesta". Também vão culpar o novo AO deste facto [com "c", uma vez que o digo]?

Eu calculo que possa parecer uma grande defensora do novo AO, por algumas coisas que já aqui escrevi e, sobretudo, pelo facto de procurar escrever respeitando as novas regras, mas a razão pela qual o faço é muito simples. Depois de uma reação inicial muito intensa contra o AO, que senti como uma ofensa à minha identidade, percebi que a principal causa para tanto me opor era o hábito. A forma como escrevia as palavras estava enraizada em mim e não é fácil mudar algo tão "nosso". No entanto, descobri que não é tão difícil como eu pensava...

A Vassoura acabou o 1º ano há um mês e meio. Aprendeu a ler com o novo AO, que, para ela, não é novo, é o que é. Esta grafia é a que se vai enraizar nela, será esta que fará parte da sua identidade. Ela gosta muito de ler. É claro que a enorme maioria dos livros que há cá em casa (e são muitos) estão escritos com a grafia antiga. A propósito de algumas das palavras com vogais mudas, a Vassoura atrapalhou-se uma ou duas vezes. Expliquei-lhe o AO. Ela percebeu, deu razão ao novo, por ser mais lógico, e agora, quando encontra palavras com o antigo, faz da ocasião uma descoberta, que me vem comunicar, toda contente. Os livros não têm de ir para o lixo - nunca tal hipótese foi sequer considerada, como é óbvio!!! - e ainda vão servir para a Varinha e o Feitiço os lerem também!