terça-feira, 16 de abril de 2013

Feitiço a ler

Quando preparo a papa para o Feitiço, ele costuma pedir-me a caixa da papa, para, segundo ele, "ler e contar as palavras". Isto já acontece há meses.

Ultimamente, ocupa-se mais a "ler" e menos a "contar".

(lateral da caixa)
O que ele lê: "o leite", "a taça", "a colher", "mexer", "já está". Normalmente acaba a leitura no momento em que a papa fica pronta... coincidências! :-)

"deiteicunatina"

Não sei se sou a única mãe a fazer o que vou dizer (espero não ser para não parecer demasiado doida), mas com alguma frequência falo nonsense com os meus filhos (uma sequência de sílabas pegadas sem nexo nenhum, mas ditas como se tivessem sentido).

Por isso, quando ouvi o Feitiço a dizer "deiteicunatina" várias vezes, pensei para os meus botões ou para a minha gola alta, dependendo do que tinha vestido: "se calhar devia deixar de falar à pateta; o Feitiço está a imitar-me e a combinação que ele diz não fica lá muito bonita!" [se lerem mesmo a sequência, perceberão o que quero dizer]

Ontem, no entanto, finalmente entendi o que ele realmente estava a tentar dizer. Mas para vos explicar tenho de vos contar uma anedota!

"Era uma vez um menino muito distraído chamado Luís. Um dia em que iam ter uma festa, a mãe reparou que faltava o sumo de maracujá. O Luís disse:
- Ó mãe, não te preocupes, eu vou à mercearia comprar o sumo!
- Ó filho, mas tu esqueces-te sempre dos recados!
- Desta vez não me esqueço: vou o caminho todo a dizer "sumo de maracujá, sumo de maracujá"!
A mãe deu o dinheiro ao Luís e ele lá foi, pelo passeio, a dizer "sumo de maracujá, sumo de maracujá"; virou à direita e começou a dizer "sumo de marajá, sumo de marajá".
Ao chegar à mercearia, pediu: "Um sumo de marajá, se faz favor".
Merceeiro: Sumo de marajá?!? Não será antes "sumo de maracujá"?
Luís: Ah, pois é! [bate com a mão na testa] Deixei o 'cu' na esquina!"

O pormenor do bater com a mão na testa é que me fez perceber que "deiteicunatina" era, na realidade, o desfecho da anedota, "deixei o 'cu' na esquina"!

P.S. - Esta anedota foi-me contada por um ex-aluno que na altura tinha nove ou dez anos. Tenho muito boas recordações deste aluno e da maneira incrivelmente engraçada como contou a anedota, por isso o  nome do protagonista é em sua homenagem...