Não sei se leram alguma coisa sobre a alegada expulsão de uma menina com cicatrizes de um restaurante da cadeia KFC. Segundo este artigo, parece que a avó da criança inventou o acontecimento para receber ajuda monetária para a neta.
Se realmente é mentira, é uma mentira grave, claro, e não aprovo a conduta da avó. Mas a verdade é que depois da notícia ter sido publicada (e a facilidade com que se publicam mentiras é impressionante), a família da criança recebeu [e agora vai em inglês, sem tradução]: an outpouring of support and donations, which included free reconstructive surgeries from doctors and a $30,000 donation from the KFC corporation
E o que me faz pensar é isto: quando a notícia do ataque do cão à menina foi publicada, não houve médicos a oferecer cirurgias reconstrutivas gratuitas, nem solidariedade "palpável" da sociedade em geral. Foi preciso uma história de discriminação num restaurante famoso (não o posso provar, mas duvido que a notícia tivesse tido o mesmo impacto se fosse num restaurante único e modesto) para que surgisse uma onda de solidariedade desta dimensão.
Quem fica bem nesta história é a cadeia de restaurantes KFC, que, antes mesmo de investigar os contornos e a veracidade da história, contribuiu com uma boa quantia. É claro que se o fez foi porque podia, financeiramente, e porque são experientes nestas coisas... Independentemente de se poder vir a descobrir e provar que tudo era mentira, o nome da companhia ficou desde o início relativamente bem visto por causa da contribuição e da declaração que fizeram na altura. Com estas medidas, conseguiram que a revolta das pessoas fosse canalizada para o alegado funcionário que cometeu a discriminação e não para a inteira cadeia KFC.
P.S. - Não sou cliente KFC. O cheiro enjoa-me desde a primeira e única vez que entrei num KFC, nos EUA.