quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

40 dias pela vida

Está a decorrer em Lisboa a campanha dos 40 Dias pela Vida, em frente à Clínica dos Arcos (onde se realizam abortos). A campanha consiste em rezar, rezar, rezar, sem julgar, julgar, julgar.

Já tinha pensado escrever sobre esta campanha, que começou no primeiro dia da Quaresma e terminará no dia 29 de março, mas não passara de ideia.

Como eu recebo emails com um apanhado do que se passa em cada dia (muitas vezes com casos concretos para se ajudar, ou rezando, ou ajudando materialmente a mãe/família em dificuldades), recebi hoje a partilha de um caso:

"Uma mulher saiu a rir ás gargalhadas da clínica, a falar ao telemóvel com o marido. Quando desligou foi abordada e contou que estava feliz, tinha ido fazer a ecografia e está grávida de gémeos. Nunca quis abortar, mas foi ao centro de saúde e lá disseram-lhe que a maneira mais rápida de conseguir marcar ecografia era dizendo que queria abortar, pelo que ela assim fez e imediatamente lhe marcaram ecografia na Clínica dos arcos :-) Ao menos que os nossos impostos sirvam para pagar estas boas ecografias..."

Eu concordo: prefiro mil vezes pagar exames de acompanhamento da vida!

Aproveito para desafiar - quem se sentir desafiado - a participar nesta campanha! Podem saber mais aqui e inscrever-se aqui.

Para terminar, um vídeo de uma criança a brincar:


22 comentários:

  1. Essa é que eu não sabia.... prioridade no aborto.... estou chocada

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O comentário seguinte apresenta a lógica (chamemos-lhe assim) por trás da prioridade, mas a mim também me choca, pois se havia tempo para uma ecografia para quem queria abortar, também haveria para quem não queria. Que tal marcarem as ecografias com rapidez a TODAS as grávidas, à partida?

      Eliminar
  2. Concorde-se ou não com o aborto, é evidente que a ecografia de uma mulher que esteja a considerar fazê-lo tem que ter prioridade. Não só a Lei impõe prazos apertados como a saúde da mulher é beneficiada com uma decisão rápida. Se o vai fazer, antes cedo e de forma legal do que tarde e sem condições.

    Quanto a abordarem mulheres que estão a pensar abortar ou que acabaram de o fazer, sem saberem nada das suas condições mas com imensas soluções, parece-me terrorismo. Rezem tudo o que vos apetecer e se as pessoas forem inspiradas por essa acção, tanto melhor. Mas não têm o direito, não é compassivo e não devia ser permitido tornarem ainda mais penosa uma acção que não acredito seja alguma vez tomada de ânimo leve (até porque, no caso português, a própria Lei não o permite).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu já esperava uma reação vinda de Marte, mas como acho que não vale a pena entrarmos em discussões (sempre educadas, como é nossa característica), coloco as coisas noutro prisma: a abordagem (que não é a atividade desta campanha dos "40 Dias pela Vida", pois esta "resume-se" a rezar e a tentar ajudar quem pede ajuda, com trabalho, coisas para os bebés,... - é uma atividade que decorre independentemente da campanha) não pretende penalizar nem massacrar as mães, pretende dar voz a quem não a tem - os bebés e é pensando neles que agem. Quase sempre as mães e pais que decidem não abortar levam, felizes, os bebés para os mostrar às pessoas que fazem a abordagem aos dois, três meses, um ano... e agradecem a abordagem e a ajuda que receberam. Algumas vezes, as grávidas só dizem: "Eu só precisava que alguém me dissesse o que vocês me disseram." Porque, se à volta da grávida, só se apresenta o aborto como solução, não é isso também uma violência? E quando a grávida até considera ter o bebé e o namorado, ou a mãe, é que empurram para o aborto, às vezes arrastando-a para dentro da clínica (sim, eles não vão estar na sala propriamente dita e a grávida pode recuar nessa altura, mas poucas terão a força para o fazer, como não deve ser difícil imaginar)? A grávida sente-se encurralada - isso já está bem?

      Eliminar
    2. Mimi, subscrevo tudo o que diz. Por vezes a opção surge quando não há mais nenhuma alternativa. Poucos são os casos de abordo cuja decisão é tomada de ânimo leve!
      Parabéns pela causa que abraça.

      Eliminar
    3. Bem sei que esta é uma discussão em que ninguém muda de opinião. Que fique claro, eu não sou "a favor" do aborto. Mas sou a favor da educação antes de chegar ao ponto de o aborto ser considerado necessário e da liberdade de decisão se tudo o resto falhar. E sou contra quem sabe sempre o que é melhor para os outros, mesmo não os conhecendo.

      A Lei portuguesa obriga a uma série de entrevistas, análise de opções, conhecimento de apoios disponíveis etc. De livre vontade ou "arrastada", ninguém entra num hospital ou numa clínica a dizer "era um aborto, se faz favor" e sai de lá com um aborto feito. E vou deixar de lado o facto de que às 10 semanas (o limite máximo para um aborto legal por iniciativa da mulher se não houver outros problemas), o feto tem apenas 3 centímetros de comprimento, pesa menos de 4 gramas e não se parece em nada com um ser humano. Mostrar imagens de crianças ou bébés prestes a nascer é apenas mais uma variante de terrorismo.

      É claro que as mulheres que optam por não abortar depois ficam (na maioria) felizes por não o ter feito. É um mecanismo de sobrevivência da espécie e necessário para o equilíbrio psicológico da mãe. Mas e aquelas que não ficam? E as crianças que acabam forçadas a crescer num ambiente abusivo ou a viver na miséria? Anda por aí um cartaz a dizer que 1 em cada 3 crianças vive abaixo do limiar de pobreza - isso está bem? É claro que a pergunta é retórica, eu sei que ninguém acha isso bem. Mas mesmo que continuem a rezar pelas mães e crianças eventualmente "salvas", isso vai pagar-lhes a alimentação ou os livros da universidade? É que, a mim, os argumentos soam muitas vezes como "é melhor um pedinte vivo do que um feto morto".

      É por o problema ser tão complexo e as implicações tão grandes que a decisão tem que pertencer à mulher grávida. Informada e apoiada, sim. Pressionada ou chantageada emocionalmente, não.


      Eliminar
    4. O vídeo é de um bebé entre 8 a 12 semanas, a mãe não tinha certeza. Mesmo que seja de 12 semanas, mais duas do que o limite legal para abortar, e portanto mais desenvolvido do que o bebé de 10 semanas (e duas semanas na gestação fazem muito, de facto), está longe de ser um bebé prestes a nascer (não sei se te referias a este filme como uma "variante de terrorismo") - aliás, se há coisa que um bebé prestes a nascer não consegue fazer é mexer-se com aquela liberdade toda, pois não tem espaço para tal.
      Tu não és a favor do aborto; eu sou mesmo contra. Referir as despesas que a criança/jovem dará ao longo da vida não justifica que seja morto enquanto está dentro da mãe. Sabes que as listas de espera para adoção são enormes, não sabes? Não faltariam famílias para ficar com a criança, se de facto a biológica não tiver condições (sejam de que ordem forem) para a criar. É mesmo preciso matar o "elo mais fraco"?

      Não concordando com o aborto, à partida, consigo perceber esta afirmação: "(...) a decisão tem que pertencer à mulher grávida. Informada e apoiada, sim. Pressionada ou chantageada emocionalmente, não." O que não concordo é que se encaixe unicamente nos "pressionadores" aqueles que defendem a vida do bebé, quando atualmente são muitos os que pressionam no sentido do aborto.

      Eliminar
    5. Alienus, faltou-me um pormenor: os 3 cm que referes não incluem o comprimento das pernas.

      Eliminar
    6. Coisas que me tocam, abraço esta causa de uma forma muito passiva, infelizmente!

      Eliminar
    7. Não me fiz entender. Eu sou contra todo o tipo de pressões, contra ou a favor. Mas acredito que, em último caso, é uma questão de consciência e a decisão compete à mulher grávida e a mais ninguém. Esta é uma questão que se resolve com apoios sociais mas, sobretudo, com educação. Tu talvez não te lembres mas eu lembro-me das descrições que apareceram na imprensa sobre as condições em que eram efectuados abortos antes de serem legalmente permitidos. Uma das boas consequências da Lei é que o número de abortos deminuiu, bem como o número de mulheres a morrer de complicações associadas.

      Percebo o argumento das longas listas de espera para adopção mas isso não é suficiente para justificar "obrigar" uma mulher a ter uma gravidez completa quando isso seja uma violência para ela, uma mulher não é uma máquina de fazer bébés. Aliás, pelo que sei, não há grande dificuldade em adoptar crianças mais crescidas, com deficiências ou não-brancas. Acontece é que aparentemente boa parte dos casais que querem adoptar também querem escolher o bébé perfeito.

      Eliminar
    8. Penso que terás razão quanto à preferência da maioria dos casais que querem adotar, mas não penses que adotar crianças crescidas é "tiro e queda": por inúmeras variantes, nem sempre é assim. Partilho o link de um post da Olívia, que tem uma filha adotiva e uma biológica e até te desafio a leres a história toda...

      http://adotaramarviver.blogs.sapo.pt/as-datas-resumo-do-inicio-da-nossa-7110

      Eu passei por três gravidezes e por zero abortos, mas imagino (até pela partilha de quem fez) que o mal estar depois de um aborto seja superior aos incómodos de uma gravidez. No campo das suposições (porque não conheço nenhum caso pessoalmente), uma mãe que tenha o filho e o entregue para adoção poderá sempre interrogar-se, futuramente, sobre o que lhe aconteceu, mas sabe que fez uma opção pensando no melhor para ele; uma mãe que aborte o filho (neste caso conheço algumas) sabe sempre o desfecho e que pensou em si em primeiro lugar - pelo que me contaram, não é uma memória nada feliz. Antes que digas que um aborto nunca será uma memória feliz para nenhuma mulher (o que eu acredito), deixa-me dizer-te que também não é uma memória infeliz para todas - caso contrário não existiriam os casos de abortos repetidos -, para algumas é uma solução prática e rápida (e "que chatice terem de esperar três dias"...).

      Eliminar
    9. Não sei quando é que fiquei de defender o aborto ou a estabilidade psicológica de quem o faz. Apenas digo que não me compete a mim, nem a mais ninguém, avaliar, julgar ou intrometer-se numa decisão que só diz respeito à mulher grávida. Que é como quem diz, eu até posso ser contra o aborto (acho que é normal e quase instintivo ser contra o aborto) mas não sou contra a mulher que o faz nem questiono a sua liberdade de o fazer.

      Eliminar
    10. Quanto à adopção, acho que devia ser simplificada e mais rápida, mas confesso que não sei onde é que o sistema falha. Para mim é evidente que qualquer criança está melhor com quem a deseja adoptar do que perdida em burocracias mas é claro que também compreendo a necessidade de tentar garantir as melhores condições.

      A adopção representa uma capacidade de amar admirável, uma abertura do coração para lá dos simples laços biológicos que não está ao alcance de muitas pessoas e que não pode ser senão louvada.

      Eliminar
    11. Entendo o que queres dizer.

      Para terminar esta discussão, vou citar-te: "Bem sei que esta é uma discussão em que ninguém muda de opinião."

      Eu não mudei.

      Eliminar
    12. Quanto ao que escreveste em relação à adoção, não poderia estar mais de acordo.

      Eliminar
    13. P.S. - Os outros posts estão a sentir-se discriminados...

      Eliminar
  3. Lá em casa temos feito um esforço para rezar pelas mães, algumas desesperadas, outras cheias de medo, outras sem amparo... e além de rezarmos devemos estar mais atentos junto das nossas amigas e familiares, pois muitas seguem para o aborto pois não têm ninguém que lhes dê a mão e as ajude com as crianças...

    O vídeo é... um espanto!
    Olívia

    ResponderEliminar

- Posso fazer o meu comentário?
- Claro que sim, mas tendo cuidado com a linguagem.
Obrigada!

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.