segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Tempos de espera

Há uns dias, a Teresa Power contou como ela e o Niall se conheceram, através do programa de intercâmbio Erasmus. Contou também como foi namorar à distância:

"Quem não viveu no século passado,  não sabe o que são cabines telefónicas, esses paralelepípedos com um telefone fixo e uma ranhura onde vão caindo moedas atrás de moedas... Quem não viveu no século passado não sabe o que são cartas que se enviam pelo correio, diariamente, com um selo e muitas folhas lá dentro... Os dias contavam-se de telefonema a telefonema, da chegada do correio à chegada do correio; e nada mais parecia importar!"

Eu vivi no século passado. 

Sei o que são cabines telefónicas, que utilizei algumas vezes, para falar com alguém (amigas, familiares), se estava fora de casa e precisava de o fazer naquela altura. 

Também sei o que são cartas com um selo e muitas folhas lá dentro, que troquei com as minhas amigas durante as férias de verão (grande parte das cartas era a falar das notas, vejam bem o desperdício de linhas!). As semanas de férias passavam-se, eu ansiava por cartas das minhas amigas e era uma alegria quando chegavam e era uma alegria quando lhes respondia.

No entanto, só conheci o Rogério neste século, mais precisamente em 2004. O nosso primeiro contacto foi através da Internet. Não somos caso único, sei disso, mas quem me conhece fica geralmente surpreendid@ ao saber que foi assim que conheci o meu marido.

Dizia eu que só conheci o Rogério neste século, mas quer isso dizer que não enviámos cartas pelo correio um ao outro? Não, senhores, não quer. Antes de nos encontrarmos pessoalmente (e não chegou a uma semana entre o primeiro contacto e o primeiro encontro), já alguns cêntimos tinham entrado nos CTT por nossa conta.

De qualquer maneira, acho que a sensação de espera entre um mail e outro, ou entre um sms e outro, devia ser igual à de "antigamente", uma vez que cada minuto de espera corresponderia talvez a um dia.

Esqueçam o parágrafo anterior. Podia simplesmente apagá-lo, mas prefiro não o fazer, para que vejam aquilo que  realmente me passou pela cabeça. É óbvio - depois de pensar melhor no assunto! - que uma espera não se compara à outra!

4 comentários:

  1. Eu e o marido conhecemo-nos no século passado (milénio, inclusive...) e ainda trocámos meia dúzia de cartas...

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  2. Eu tenho 40 anos e comecei a namorar o meu marido no século passado, quando tínhamos 16 anos... Escrevemos muitas cartas um ao outro! Quando nos zangávamos, quando queríamos dizer "gosto de ti", quando estávamos longe um do outro nas férias... Depois de casarmos ainda escrevemos de vez em quando mails um ao outro, quando a confusão dos dias e os horários malucos de quem tem três filhos não deixam espaço. Tenho tudo guardado, é um tesouro que irei deixar um dia aos meus filhos!

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    1. Obrigada pela partilha, Lilian! Também acho que é um tesouro que devemos guardar.

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- Claro que sim, mas tendo cuidado com a linguagem.
Obrigada!

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